TEORIA DA LITERATURA: A NARRATIVA


No início do livro Memórias de um Sargento de Milícias, o narrador refere-se à honra e à respeitabilidade dos meirinhos (oficiais de justiça), negando-as posteriormente com fatos e atitudes que marcam a personagem de Leonardo Pataca, o que denuncia, mais do que ideias contraditórias, um posicionamento claramente irônico. Isso não ocorre no trecho:

             

“— Ó compadre, disse, você perdeu o juízo?...

— Não foi o juízo, disse o Leonardo em tom dramático, foi a honra!…”

             

“O compadre, que se interpusera, levou alguns por descuido; afastou-se pois a distância conveniente, murmurando despeitado por ver frustrados seus esforços de conciliador:

— Honra de meirinho é como fidelidade de saloia.”

             

“— Honra!…honra de meirinho…ora!

O vulcão de despeito que as lágrimas da Maria tinham apagado um pouco, borbotou de novo com este insulto, que não ofendia só um homem, porém uma classe inteira!”

             

“Ao outro dia sabia-se por toda a vizinhança que a moça do Leonardo tinha fugido para Portugal com o capitão de um navio que partira na véspera de noite.

— Ah! disse o compadre com um sorriso maligno, ao saber da notícia, foram saudades da terra!…”

             

“Espiar a vida alheia (…) era naquele tempo coisa tão comum e enraizada nos costumes que, ainda hoje, (…) restam grandes vestígios desse belo hábito.”

 

Memórias de um sargento de milícias se caracteriza por um entrecruzamento de discursos, fugindo a uma retórica estritamente romântica e misturando o cômico e o sério. Conforme essas informações, determine as afirmativas falsas e verdadeiras:

 

(     )    O enunciado — “Era no tempo do rei” —, pelo qual se inicia a narrativa, remete a duas outras formas de discurso: ao discurso da literatura de gênero fantástico-maravilhoso; e ao discurso histórico que, no caso específico do Brasil, refere-se ao tempo em que a família real aqui permaneceu.

(     )    Embora haja situações em que contrastam a ordem e a  desordem, o sagrado e o profano, a atmosfera de alegria e humor não alcança um caráter paródico.

(     )    O riso, porém, não é riso mordaz, mas o riso da esperteza e da malícia. Não há um episódio sequer, em que não se presencie o riso dos personagens.

(     )    Os personagens, rasos psicologicamente, são caracterizados em tipos, em que o próprio nome se torna dispensável e a função valorizada, já que é ela a responsável pela localização do indivíduo no grupo social.

Leonardo filho só será nomeado no capítulo XVIII, provocando o acréscimo de pataca ao nome do pai, também Leonardo. Até aquele momento ele é o menino traquinas.

 

A sequência correta é:


V V F F.


V F V F.


F F V V.


F V F V.


V F V V.

Com base na leitura do livro Memórias de um sargento de Milícias, analise as afirmações que seguem:

 

I- No decorrer do livro, é possível notarmos a queda da idealização romântica dos personagens, mostrando-nos, inclusive, a figura de um anti-herói como protagonista do enredo – Leonardo pataca.

II- Enfoque de época (tempo) diferenciado do habitualmente apresentado pelos romances românticos. Fala-se do período da vinda da família real para o Brasil, do tempo em que D. João VI refugiou-se no Rio de Janeiro, ou seja, do início do século XIX. Apresenta-se a vida suburbana do Rio de Janeiro, os subúrbios cariocas constituem o espaço estilizado, em contraste com a vida da corte, que normalmente surge em obras do Romantismo.

III- A linguagem é popularesca, coloquial, mais de acordo com pessoas de nível cultural inferior, pertencente a camadas sociais simples.

IV- Contraste entre posturas moralizantes e atitudes que vão contra os preceitos morais.

V- Retrata o grupo dos portugueses que povoam São Paulo da época, com seus costumes e peculiaridades. 

 

São corretas as afirmações contidas em:


I, II, IV, V.


II, III, IV, V.

 


I, II, III, V.


I, II, III, IV.


I, III, IV, V.

Leia o texto a seguir e responda:

Facultativo

Estatuto dos Funcionários, artigo 240: "O dia 28 de outubro será consagrado ao Servidor Público" (com maiúsculas).

Então é feriado, raciocina o escriturário que, justamente, tem um "programa" na pauta para essas emergências. Não, responde-lhe o Governo, que tem o programa de trabalhar; é consagrado, mas não é feriado.

É, não é, e o dia se passou na dureza, sem ponto facultativo. Saberão os groenlandeses o que seja ponto facultativo? (Os brasileiros sabem) É descanso obrigatório no duro. João Brandão, o de alma virginal, não entendia assim, e lá um dia em que o Departamento Meteorológico anunciava: "céu azul, praia, ponto facultativo", não lhe apetecendo a casa nem as atividades lúdicas, deliberou usar de sua "faculdade" de assinar o ponto no Instituto Nacional da Goiaba, que, como é do domínio público, estuda as causas da inexistência dessa matéria-prima na composição das goiabadas.

Encontrou cerradas as grandes portas de bronze, ouro e pórfiro (*), e nenhum sinal de vida nos arredores. (...) Tentou forçar as portas, mas as portas mantiveram-se surdas e nada facultativas. (...) João decidiu-se a penetrar no edifício, galgando-lhe a fachada e utilizando a vidraça que os serventes sempre deixam aberta. E começava a fazê-lo com a teimosia calma dos Brandões quando um vigia brotou da grama e puxou-o pela perna.

- Desce daí, moço. Então não está vendo que é dia de descansar? (...) Então não sabe o que quer dizer facultativo?

João pensava saber, mas nesse momento teve a intuição de que o verdadeiro sentido das palavras não está no dicionário; está na vida, no uso que delas fazemos. Pensou na Constituição e nos milhares de leis que declaram obrigatórias milhares de coisas, e essas coisas, na prática, são facultativas ou inexistentes. Retirou-se, digno, e foi decifrar palavras cruzadas.

(*) Pórfiro = tipo de rocha; pedra cristalina.

(Carlos Drummond de Andrade, Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967, pp. 758-759)


 

Considere as seguintes afirmações:

 

 

 

I. Nas duas vezes em que é empregada, a palavra programa (2º parágrafo) tem a mesma significação: planejamento de metas governamentais.

 

II. A expressão então é feriado (2º parágrafo) indica a conclusão a que chegou o escriturário, em seu raciocínio.

 

III. Na citação do anúncio do "Departamento Meteorológico", a expressão ponto facultativo surge deslocada, por não se tratar de uma informação meteorológica.

 

 

 

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em



II e III


I e II


I


I e III


I, II e III.

A partir de seus estudos sobre o gênero narrativo, responda:

 

"Qual dos elementos a seguir NÃO faz parte da estrutura do gênero narrativo?"

 

Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta:


Personagens.


Enredo.


Narrador.


Encadeamento.


Tempo

De acordo com a leitura do capítulo indicado para essa quinzena, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira:

 

(1)  Plurilíngue 

(2)  Pluriestilístico

(3)  Plurivocal

 

(    ) se constitui na combinação de estilos, de estilizações diversas das múltiplas formas da narrativa oral ou escrita.

(    )  remete a outros discursos como os da filosofia, da moral, da ciência e da política, da economia, da moda, da cultura, da arte e do senso comum.

(    ) uma narrativa que contém variadas formas de expressão e todas são concretamente identificadas, usadas, no espaço social em que o escritor se insere.

 

A sequência CORRETA está em:


2 3 1.
2 1 3.
1 2 3.
3 2 1.
3 1 2.

Durante a leitura do capítulo O gênero romance na perspectiva da cosmovisão carnavalesca, discutimos o conceito de Carnavalização dos textos literários. Qual conceito, de acordo com Bakhtin (1990), é usado para o termo carnavalização, nos textos literários?


Há cenas de escândalos, de comportamento excêntrico, de discursos e declarações inoportunas, ou seja, de diversas violações das normas comportamentais estabelecidas e da etiqueta, incluindo-se a violação do discurso não estão presentes nesse conceito.
É a literatura que guarda uma relação com as tradições dos gêneros do cômico-sério por conservarem, “mesmo em nossos dias, o fermento carnavalesco que os distingue de outros gêneros”.
É uma história em que o narrador, personagem ficcional, relata sua própria história.
Narrativa que contém várias formas de expressão e todas são concretamente identificadas e usadas no espaço social em que o escritor se insere.
É um estilo literário satírico. Recebe esse nome pois possui o mesmo modelo utilizado por Menipo de Gadara, filósofo grego que viveu de 349-250 a.C..

Leia atentamente o fragmento a seguir, retirado do texto “A Vida ao Rés-do-Chão”, de autoria de Antônio Cândido e indicado como texto obrigatório do roteiro “O gênero crônica e a perspectiva do narrador-repórter no discurso do cotidiano”.

 

Tudo é vida, tudo é motivo de experiência e reflexão, ou simplesmente de divertimento, de esquecimento momentâneo de nós mesmos a troco do sonho ou da piada que nos transporta ao mundo da imaginação. Para voltarmos mais maduros à vida...

Antônio Cândido

 

Com base no fragmento exposto, e no que você estudou sobre o gênero crônica, é CORRETO afirmar que:


Qualquer coisa que aconteça em qualquer lugar é assunto para se transformar em crônica, exceto as questões ligadas ao texto fictício
Escrever uma crônica é se propor a realizar um sonho, justamente pelo caráter complexo desse gênero. Nesse sentido, a crônica é um gênero que atravessa os séculos como as grandes  narrativas épicas e os grandes romances.
Por não ser um gênero pequeno, a crônica é capaz de elevar o escritor à categoria de gênio da literatura.
A crônica é fruto daquele momento do dia-a-dia digno de um flash. Antônio Cândido afirma que por não estar no alto da montanha, mas no simples rés-do-chão, a crônica está mais próxima das pessoas comuns.
Toda crônica nasce de alguma piada que é contada nas rodas sociais. É por isso que Antônio Cândido comparou a crônica com o rés-do-chão.

Manuel Antônio de Almeida apresenta no romance um novo símbolo ou figura da sociedade brasileira. Qual? Assinale a resposta correta:


O proprietário de terras
O estrangeiro
O mulato
O malandro
O compositor popular

Com base na leitura do livro Memórias de um sargento de Milícias, analise as afirmações que seguem:

 

I. Uso da linguagem denotativa.

II. No final do livro, a vida de Leonardo organiza-se, tudo se encaixa satisfatoriamente, mostrando-nos mais claramente a presença do Romantismo no texto.

III. Aparecem diversas explicações sobre a obra na própria obra, o que demonstra o uso da metalinguagem pelo autor.

IV. O foco narrativo é em terceira pessoa, com um narrador onisciente, que interfere no texto, faz observações e busca contato com o leitor (tentativa de diálogo). Existe dinamismo e ação em todo o decorrer da história.

V. Ao final da obra, o que impera é a ordem sobre a desordem, fechando-se o processo de carnavalização. Forma-se, no todo, um grande painel do Rio de Janeiro na época enfocada. A crítica social pode ser sentida no desen¬volvimento da trama.

 

São corretas as afirmações contidas em:


I, II, III, V.
I, II, III, IV.
I, III, IV, V.
II, III, IV, V.
I, II, IV, V.

Com base em seus estudos do capítulo “Crônica: retratos do cotidiano”, assinale a alternativa que melhor representa a diferença entre a crônica e a notícia:


Diferente da crônica, a notícia não tem preocupação com as verdades do cotidiano da cidade, apenas com notícias sensacionalistas do mundo dos famosos.
A notícia relata os acontecimentos de forma seca, o autor escreve os fatos de forma distanciada; já a crônica busca analisar os fatos, dá-lhes um tom emocional, menos formal.
Não há diferenças entre a notícia e a crônica, ambas retratam a realidade em que seu autor está inserido, de forma clara, objetiva, direta.
A notícia narra fatos reais do cotidiano; já a crônica não se preocupa com o cotidiano, escreve sobre o  fantástico, imaginário.
A crônica relata os acontecimentos de forma seca, o cronista escreve os fatos de forma distanciada; já a notícia busca analisar os fatos, dá-lhes um tom emocional, menos formal.
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